A alta nos preços dos principais produtos alimentícios registrada nos últimos quatro anos empurrou cerca de 70 milhões de pessoas consideradas pobres para a linha de extrema pobreza, segundo os critérios da FAO – Organização Mundial das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. “Essa situação de extrema pobreza é caracterizada por uma condição em que refeições deixam de ser realizadas e há a situação concreta de morte pela fome”, destacou Hélder Muteia, representante da FAO no Brasil durante a terceira edição do Fórum Inovação – Agricultura e Alimentos para o Futuro Sustentável, promovido em São Paulo nesta quinta-feira, dia 20, com o apoio da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio e da ANDEF – Associação Nacional de Defesa Vegetal, com apoio da FAO. Ainda de acordo com Muteia, a situação mais crítica na questão da fome é no chamado “chifre da África”, que engloba Somália, Eritréia e parte do Sudão. “Só ali, estão ameaçadas cerca de 12,4 milhões de pessoas”, lembra ele. Em sua palestra ele salientou que a situação tende a se agravar. “A tendência é de os preços agrícolas continuarem subindo, ao mesmo tempo em que a demanda segue em contínuo crescimento”. Nesse sentido, acrescentou, o consumo anual de soja da China, por exemplo, que era de 600 mil toneladas em 1995, saltou para impressionantes 52 milhões de toneladas, no ano passado.
Para atenuar esse quadro, segundo Muteia, a FAO definiu como necessária algumas medidas. “A principal delas, sem dúvida é o combate às desigualdades. A pobreza é a mãe da fome”, diz o representante da FAO no Brasil. As outras iniciativas são: investimento para melhorar o acesso á tecnologia, água e terra por parte dos agricultores, criar uma rede de proteção social e fazer com que as lideranças mundiais abordem a questão da fome como uma prioridade.
fonte maxpress